40 mulheres foram vítimas de feminicídio no Piauí em 2024, aponta relatório anual da SSP

Conforme o relatório anual, 28 casos de feminicídio foram contabilizados em 2023. Em 2024, o número de registros subiu para 40 casos, um aumento de 42,9% em comparação com o ano anterior.

Em 2024, foram registrados 40 crimes de feminicídio no Piauí. Em comparação com o ano anterior, o número revela um aumento de 42,9%. Os dados foram divulgados no Relatório Anual da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Piauí.

⚖️ O feminicídio é um assassinato praticado contra uma mulher, especialmente pelo fato da vítima ser mulher, motivado por violência doméstica ou discriminação de gênero. Em outubro de 2024, a pena do crime foi aumentada e estabelecida em 12 a 30 anos de prisão. A pena é aumentada em 1/3 caso a vítima estivesse grávida ou se cometido na presença dos filhos ou pais da vítima.

Conforme o relatório anual, 28 casos de feminicídio foram contabilizados em 2023. Segundo a delegada Nathália Figueiredo (foto abaixo), responsável pela Delegacia de Feminicídios do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) de Teresinao crescimento é uma infeliz tendência nacional.

Delegada Nathália Figueiredo, do Núcleo de Feminicídio do DHPP — Foto: Eric Souza/TV Clube

Delegada Nathália Figueiredo, do Núcleo de Feminicídio do DHPP — Foto: Eric Souza/TV Clube

“O feminicídio é um tipo de violência bastante complexo. Não é como, por exemplo, roubo ou furto, em que colocando um policiamento maior, efetivo, podem reduzir. Com feminicídio, não. Se não houver um trabalho integrado de toda a rede de proteção, no acolhimento dessas mulheres, apoio financeiro, o auxílio emocional para que elas quebrem o ciclo de violência, é muito difícil a gente conseguir reduzir”, comentou a delegada.

Entre as medidas que poderiam fortalecer o combate ao feminicídio, a delegada listou o fortalecimento do trabalho da assistência social, das redes de proteção às mulheres, e das forças de segurança no monitoramento de medidas protetivas de urgência. Mas, para ela, o comportamento das vítimas em denunciar os casos é essencial.

As medidas protetivas são ordens judiciais que buscam proteger pessoas que estejam em situação de risco, perigo ou vulnerabilidade. São dois tipos: as voltadas para o agressor, para impedir que ele entre em contato com a vítima, seja presencialmente, por ligações ou por meio virtual; e as voltadas para a vítima, para garantir a sua segurança e a proteção dos seus bens e da sua família.

“Muitas mulheres, no contexto do descumprimento das medidas protetivas, não denunciam. Acreditam que não vai para algo mais grave, e a gente já viu que a realidade é bastante diferente. O agressor se sente no contexto de impunidade e vai ficando cada vez mais violento. Então, se pediu medida protetiva, faça uso do seu direito. Denuncie, e a delegacia representa pela prisão preventiva”, disse a delegada Nathália.

Além desses casos, o relatório revelou que 71 mulheres foram assassinadas, crimes que não foram contabilizados como feminicídios. Além disso, 306 estupros e 1044 estupro de vulnerável (contra crianças, idosos ou pessoa com deficiência) foram contabilizados em 2024.

Feminicídios no Piauí em 2024

  • Mulher assassinada a facadas na frente do filho em Pajeú

Joselane Maria de Paula, de 27 anos, foi morta na frente do próprio filho, no dia 9 de dezembro de 2024, em Pajeú do Piauí, a cerca de 400 km de Teresina. Segundo a Polícia Militar, o principal suspeito é o ex-companheiro da vítima, que foi encontrado morto na tarde do mesmo dia.

A Polícia Civil do Piauí (PC-PI) informou que Rafael de Souza Rodrigues não aceitava o fim do relacionamento com Joselane. Ele foi até a casa da ex-companheira por volta das 9h desta segunda-feira (9) e, segundo a polícia, a matou com quatro golpes de faca na frente do filho, um menino de 4 anos.

Joselane tinha dois filhos, frutos da união com o suspeito. Os dois estavam separados há cerca de 4 meses. Familiares contaram à Polícia Civil que o homem fazia ameaças à Joselane constantemente. Nenhuma dessas ameaças foi denunciada à polícia.

  • Mulher é morta por espancamento em Bom Jesus, e companheiro é preso tentando limpar sangue da cena do crime

Edina Martins Dias Lima, de 45 anos, foi encontrada morta no dia 30 de outubro de 2024 em uma residência localizada no município de Bom Jesus, a 601 km de Teresina. Seu companheiro, Annerson Souza Pinheiro, foi preso em flagrante, como principal suspeito do crime e, depois, teve sua prisão convertida em preventiva.

Segundo a delegada Roane Melo, da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher e aos Grupos Vulneráveis de Bom Jesus, vizinhos acionaram a Polícia Militar após ouvirem uma discussão entre o casal. Annerson foi encontrado na cena do crime, tentando limpar o sangue que havia no local.

Mulher é encontrada morta dentro de casa no Piauí; companheiro alegou ‘queda de moto’ e foi preso suspeito do crime

Uma mulher chamada Cecília Maria de Sousa Aguiar, de 50 anos, foi encontrada morta na madrugada da segunda-feira (4), na comunidade Santa Clara, na zona rural de Canto do Buriti, a 407 km de Teresina. O suspeito, companheiro da vítima, de 44 anos, identificado apenas pelas iniciais A.J.P. de S., foi preso suspeito do crime.

“Nós tivemos a notícia de que ela possivelmente estaria morta e fomos ao local juntamente com a perícia. Lá constatamos que ela já estava em óbito. O principal suspeito estava na casa no momento e informou à polícia que ela havia caído de moto. No entanto, ela apresentava algumas lesões características de objeto cortante”, explicou a delegada Amária Sousa, da Divisão Especializada no Atendimento à Mulher e aos Grupos Vulneráveis (Deamgv) de Canto do Buriti.    G1-PI

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *