87% defendem maioridade penal aos 16 anos, diz pesquisa
Às vésperas de o plenário da Câmara decidir se reduz ou não a maioridade penal de 18 para 16 anos nos casos de crimes violentos, nove em cada dez brasileiros se dizem favoráveis a essa medida, segundo pesquisa Datafolha.
Entre os entrevistados pelo instituto na semana passada, 87% apoiam a alteração.
O percentual é exatamente o mesmo de pesquisa de abril, o maior desde o primeiro levantamento sobre o tema.
Aqueles que se manifestaram contra essa alteração na Constituição são 11%, além de 1% de indiferentes e 1% que não souberam responder.
Segundo o levantamento, 73% defendem a mudança para qualquer crime. Entre os 27% que apoiam a redução somente para determinados casos, porém, cresceu a defesa de alteração na lei para alguns tipos de crimes violentos.
Por exemplo: em abril, 41% queriam a redução para casos de estupro. Agora são 53%. Para os casos de sequestro, cresceu de 14% para 24%, assim como para homicídio, que passou de 75% para 80%.
Na quarta (17), uma comissão da Câmara aprovou texto que prevê a mudança só para casos de crimes violentos.
O texto é resultado de acordo entre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o PSDB. O PT e a presidente Dilma Rousseff são contra a diminuição.
O projeto agora será analisado no plenário da Casa. Se aprovado em duas votações, seguirá para o Senado.
Por se tratar de uma mudança constitucional, caso aprovado no Congresso, o texto será promulgado sem a possibilidade de análise ou veto do Palácio do Planalto.
Na semana passada, o Datafolha ouviu 2.840 pessoas em 174 municípios do país –a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
O Nordeste teve a maior aprovação proporcional, com 89% dos questionados a favor. Já a região Centro-Oeste apresentou a maior reprovação, com 15% das respostas contrárias à mudança na idade.
A defesa da alteração na idade penal cai conforme o aumento da escolaridade. Entre os entrevistados apenas com ensino fundamental, por exemplo, o apoio é de 90%. Na fatia com curso superior, 78% defende uma mudança.
Os mais ricos também tendem a ser menos favoráveis à redução que os mais pobres.
Naqueles com família cuja renda mensal é de até cinco salários mínimos, 88% disseram ser a favor da redução, número que recua para 81% entre aqueles com renda de mais de dez salários mínimos. UOL