Com casos registrados em Piripiri, Piauí é o primeiro do Nordeste que mais resgata trabalhadores em situação análoga à de escravidão
Levantamento feito pelo Ministério Público do Trabalho apontou que o Piauí foi, pelo segundo ano consecutivo, o estado do Nordeste que mais resgatou trabalhadores em situação análoga à de escravidão. Os dados são referentes à 2023, ano em que 159 trabalhadores foram resgatados, colocando o Piauí em quinto lugar no Brasil com maior número de resgates. Na ponta da tabela estão os estados de Goiás (739), Minas Gerais (651), São Paulo (392) e Rio Grande do Sul (334). Os dados foram divulgados nesta sexta-feira, às vésperas do Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, lembrado neste domingo (28/01).
Apesar de ainda significativo, o número teve uma queda de 8,8% em relação à 2022, quando 180 trabalhadores piauienses foram flagrados em condições degradantes de trabalho pelas equipes do Grupo Móvel de Fiscalização, que reúne o MPT, Ministério do Trabalho e Emprego e instituições como a Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal.
Outro dado que chama bastante atenção no levantamento é que a cadeia produtiva da carnaúba voltou a registrar um número significativo de trabalhadores resgatados. Dos 159 resgatados, 86 foram flagrados na atividade, representando 54% do total e mais do que triplicando o número contabilizado no ano anterior. Em 2022, o número havia caído para 25 trabalhadores. “Havíamos feito um trabalho de sensibilização com toda a cadeia produtiva e obtido resultados positivos, reduzindo os índices de trabalho escravo nessa cadeia, que representa uma das principais atividades econômicas do Piauí. Porém, voltamos a retroceder, mas nos manteremos atentos e vigilantes para descontaminar essa cadeia que é muito importante para todo o Piauí”, salienta o Procurador do Trabalho Edno Moura, coordenador estadual da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (Conaete).
Em relação aos municípios, as cidades de Nazária, Batalha, Cajueiro da Praia e Castelo do Piauí foram as que registraram trabalhadores em situação análoga à de escravidão na atividade da carnaúba. Já os municípios de Piripiri, Elizeu Martins, Regeneração, Elesbão Veloso, Jerumenha e Rio Grande do Piauí contabilizaram juntos, 39 trabalhadores resgatados em pedreiras.
O Procurador Edno Moura lembrou que o trabalho escravo infelizmente ainda é uma realidade no Brasil, que contabilizou, somente em 2023, 3.191 trabalhadores resgatados e que o Piauí ainda amarga indicadores negativos de trabalhadores em situação de escravidão. 180Graus