Zuckerberg está trabalhando para trazer o Facebook das antigas de volta; entenda o que significa
Nostalgia em alta: Mark Zuckerberg planeja mudanças no Facebook para trazer de volta seus tempos de glória, segundo ele. Durante a conferência de resultados do quarto trimestre da empresa, nesta quarta-feira, dia 29, o CEO disse que a rede social é parte importante da vida de seus mais de três bilhões de usuários mensais e que pretende torná-lo “muito mais influente culturalmente do que é hoje”.
Zuckerberg não divulgou nenhuma mudança específica na plataforma, mas citou que esse movimento faz parte de uma reformulação que será foco da empresa nos próximos 12 meses: “Estou animado para voltar este ano a algo do velho Facebook”, diz.
O CEO também sugeriu que a Meta vai sacrificar resultados de curto prazo e priorizar as mudanças de produto necessárias para melhorar suas redes sociais. “Acho que esse é um objetivo divertido e interessante, que levará nosso desenvolvimento de produtos a direções pelas quais talvez não tenhamos nos dedicado tanto nos últimos anos”, disse Zuckerberg. “Acho que é uma área de investimento na qual vou gastar algum tempo”.
Os comentários do bilionário, no entanto, não significam que recursos modernos serão deletados. Até porque a empresa se orgulha em anunciar que o tempo gasto pelos usuários na frente de vídeos no Facebook cresceu “a taxas de dois dígitos ano a ano”. A companhia também projeta esse movimento para o Reels tanto no Facebook quanto no Instagram, mas não relaciona o sucesso dessas funções com a continuidade ou não do TikTok.
A Meta não esconde que trazer o Facebook de volta à forma é prioridade. Isso porque o interesse na plataforma entre os jovens diminui a cada ano. De acordo com um estudo recente da eMarketer, usuários dos Estados Unidos entre 18 e 24 anos passam bem mais tempo no TikTok, no Instagram ou mesmo no SnapChat do que no Facebook.
Outro levantamento indica algo similar: o Pew Research Center descobriu que o uso da primeira rede social da Meta por adolescentes americanos (entre 13 e 17 anos) caiu de 71% em 2014 e 2015 para 33% em 2024.
Mas o que mantém esses jovens ainda conectados ao Face? As pesquisas revelaram que, na maioria das vezes, é o Facebook Market Place que atrai a geração Z e não sua estrutura de rede social.
Alguns sinais de alerta fizeram a Meta a optar por essa renovação (mesmo que ela tenha cara de retrocesso). A primeira e mais significativa foi a que, mesmo com o TikTok bloqueado, os jovens não foram para o Facebook e preferiram migrar para o RedNote, outro app chinês de uso similar a plataforma de vídeos curtos.
Enquanto isso, novas redes sociais são desenvolvidas e na chamada web open social (ou web social aberta em português), com uso de protocolos como ActivityPub (usado pelo Mastodon) e AT Protocol (usado pelo Bluesky). Esse método permite que os usuários retomem o controle de seus dados e conexões sociais, em vez de depender de plataformas centralizadas por grandes empresas de tecnologia.
O declínio do Facebook é assunto tabu nos corredores da Meta. Há tempos Zuckerberg tenta blindar os investidores desse incomodo. No quarto trimestre de 2019, a Meta (ainda com o nome de Facebook) introduziu novas métricas para investidores, como o número diário de pessoas ativas em todos os apps da empresa. Depois, no começo de 2024, a gigante parou com as estatísticas por aplicativo e passou a contabilizar o número total de usuários em todas as suas plataformas juntas.
A empresa justificou a mudança de método na busca por entender melhor quantas pessoas interagiam com todos os seus produtos e não apenas com o Facebook e o Messenger. Mas é provável que isso também tenha ajudado a empresa a ocultar a queda de relevância do Facebook.