Horários, fumaça e votação: Saiba os detalhes do Conclave e entenda como é feita a eleição de um novo Papa

Um dos momentos mais simbólicos da Igreja Católica, o sinal que indica a eleição (ou não) de um novo Pontífice já tem horários previstos para acontecer

O conclave que irá eleger o próximo Papa começa na quarta-feira, quando os cardeais eleitores se reunirão a portas fechadas na Capela Sistina para definir o sucessor de Francisco. O processo terá início, segundo a Santa Sé, com uma missa na Basílica de São Pedro. Presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício, ela está marcada para ocorrer às 10h no horário local (5h em Brasília).

Depois, às 16h30 (11h30 em Brasília), a primeira rodada de votação do conclave é iniciada. Um dos momentos mais simbólicos da Igreja Católica, a fumaça que indica a eleição (ou não) de um novo Pontífice já tem horários previstos para acontecer. A primeira delas — normalmente preta, já que dificilmente há consenso logo na primeira rodada de votação — está prevista para às 19h de quarta-feira (14h em Brasília).

A partir do segundo dia, o ritmo segue um padrão estabelecido: são quatro votações por dia, duas pela manhã e duas à tarde. No entanto, o público só vê duas fumaças diárias: a primeira por volta das 12h (7h em Brasília) e a segunda prevista para às 17h30 (12h30 em Brasília). Isso porque as cédulas das duas votações da manhã são queimadas juntas, assim como as das duas votações da tarde.

Caso o novo Papa seja escolhido já na primeira votação de uma das sessões, a fumaça branca pode aparecer antes do horário previsto, indicando que o quórum de dois terços foi alcançado. Após a fumaça branca, o anúncio oficial — o tradicional “Habemus Papam” — costuma ocorrer entre 45 minutos e uma hora depois, com o novo Pontífice se apresentando na sacada da Basílica de São Pedro.

Cardeais se reunirão para escolher novo Papa após a morte de Bento XVI — Foto: Thomas Coex/AFP
Cardeais se reunirão para escolher novo Papa após a morte de Bento XVI — Foto: Thomas Coex/AFP

Na semana passada, o Vaticano anunciou que dois cardeais eleitores — com menos de 80 anos — não estarão presentes por motivos de saúde. Com isso, o número de cardeais passa para 133 (sendo sete brasileiros) e os dois terços necessários para a eleição ficam em 88. As ausências serão de um cardeal sérvio e outro espanhol que não foram identificados. O idioma oficial do conclave será o italiano, mas haverá intérpretes.

A eleição

Por sorteio, três cardeais são designados “escrutinadores”, outros três como “infirmarii” (encarregados de recolher o voto dos cardeais doentes) e mais três como revisores para verificar a contagem.

Juntos, os cardeais recebem cédulas retangulares com a frase “Eligo in Summum Pontificem” (“Elejo como Sumo Pontífice”) na parte superior, com um espaço em branco logo abaixo para que os eleitores escrevam o nome de seus candidatos à mão, “com a caligrafia mais irreconhecível possível”. Em tese, é proibido votar no próprio nome.

Cada cardeal se dirige por turnos ao altar, segurando sua cédula no ar para que seja bem visível e pronuncia em voz alta o seguinte juramento em latim: “Ponho por testemunha a Cristo Senhor, que me julgará, de que dou meu voto a quem, na presença de Deus, acredito que deve ser eleito”. Eles depositam suas cédulas em um prato e as deslizam na urna diante dos escrutinadores. Depois, voltam para suas cadeiras.

Cardeais que, por motivo de saúde ou idade avançada, não conseguem ir até a urna entregam seu voto a um escrutinador, que o deposita em seu nome.

O escrutínio

Uma vez recolhidas todas as cédulas, um escrutinador agita a urna para misturá-las, transfere as cédulas para um segundo recipiente e outro cardeal as conta. Dois escrutinadores anotam os nomes, enquanto um terceiro os lê em voz alta e perfura as cédulas com uma agulha no ponto em que está a palavra “Eligo”. Os revisores comprovam em seguida que não foram cometidos erros.

Dos 135 cardeais com direito a voto, 80% foram indicados pelo Papa Francisco, morto em 21 de abril de 2025 — Foto: Arte/ O GLOBO
Dos 135 cardeais com direito a voto, 80% foram indicados pelo Papa Francisco, morto em 21 de abril de 2025 — Foto: Arte/ O GLOBO

Se nenhum cardeal conquistar dois terços dos votos, os eleitores procedem a uma nova votação. Exceto no primeiro dia, são previstas duas votações pela manhã e duas pela tarde até a proclamação de um novo Papa. Caso a definição do novo Pontífice não seja feita em três dias, a votação é suspensa para um dia de oração.

‘Habemus Papam’

O cardeal eleito deverá responder a duas perguntas do decano: “Aceita sua eleição canônica para Sumo Pontífice?” e “Como deseja ser chamado?”. Caso responda sim à primeira, torna-se Papa e bispo de Roma. Um por um, os cardeais expressam um gesto de respeito e obediência ao novo Papa, antes do anúncio aos fiéis. Da varanda da basílica de São Pedro, o cardeal protodiácono anuncia “Habemus papam”. Em seguida, o novo Pontífice aparece e pronuncia a bênção “urbi et orbi” (“à cidade e ao mundo”). (Com AFP)

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