PF deflagra Operação Trevo e cumpre mandados no Piauí e em mais 12 estados
A Polícia Federal deflagrou nas primeiras horas desta quarta-feira (12) uma operação que tem o objetivo de cumprir 24 mandados de prisão preventiva, 12 mandados de prisão temporária, 57 mandados de busca e apreensão e 47 mandados de sequestro de bens. O Piauí é um dos 13 estados onde a PF está agindo. Batizada de Trevo, a mobilização visa desarticular organizações criminosas que utilizam instituições filantrópicas para lavagem de dinheiro oriundo de bingos, títulos de capitalização e caça-níqueis. Uma empresa de Recife (PE) é suspeita de comandar o esquema que movimentou cerca de R$ 1 bilhão.
Policiais federais chegaram no início da manhã na sede do Piauí Cap, na avenida Frei Serafim, no Centro de Teresina. Dois carros de som foram proibidos de sair da sede. Vários agentes trabalharam no local para levar computadores e documentos que auxiliarão nas investigações. No Piauí, a operação está sendo coordenada pelo delegado Alex Chagas.
Por volta das 9h40, agentes da Polícia Federal transportaram cerca de 10 caixas com documentos da empresa para a viatura estacionada na porta da sede do Piauí Cap. As caixas estavam adesivadas com a marca Promobem. Os agentes não se pronunciaram e afirmaram que apenas a Superintendência fará declarações sobre o assunto. O delegado Alex Chagas permanece no local com os policiais federais.
Uma hora mais tarde, policiais federais também removeram um cofre da sede do Piauí Cap. A exemplos das caixas, o cofre também foi transportado para a viatura. Em seguida, três agentes deixaram o local levando o material apreendido, que inclui também computadores.
Antes de se dirigirem à sede da empresa, policiais federais pegaram alguns funcionários do título de capitalização em suas respectivas casas e levaram-nas para o Piauí Cap.
Informações preliminares dão conta de que a operação é resultado de uma ação do Ministério Público Federal após denúncia referente a pagamento de débitos tributários e de pessoas premiadas.
Advogado do Piauí Cap, Igor Cavalcante nega participação do título de capitalização no esquema de lavagem de dinheiro. Ele acompanha as ações dos policiais federais na sede da empresa.
A Superintendência da Polícia Federal em Pernambuco, que centraliza as informações sobre a Operação Trevo, divulgou nota sobre a investigação. Confira a nota na íntegra:
A Polícia Federal deflagrou, na madrugada de hoje (12), a Operação Trevo para desbaratar quadrilha que agia em 13 estados da Federação em atividades que se estendiam desde a prática do jogo do bicho e máquinas caça-níqueis até a emissão de bilhetes de loteria, travestidos como títulos de capitalização.
Cerca de 300 policiais participam das investigações, que estão sendo executadas, simultaneamente, nos estados de Pernambuco, Alagoas, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Piauí, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. Ao todo, estão sendo cumpridos 12 Mandados de Prisão Temporária, 24 Mandados de Prisão Preventiva, 57 Mandados de Busca e Apreensão, 47 Mandados de Sequestro de Valores, sequestros de bens imóveis e de veículos de luxo.
Os trabalhos contam com apoio da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco, da Superintendência de Seguros Privados e da Receita Federal do Brasil.
A organização criminosa operava por meio de loterias estaduais cujos valores arrecadados eram repassados a entidades filantrópicas de fachada, fazendo com que o dinheiro ilícito retornasse ao grupo, em um procedimento suspeito, com fortes indícios de lavagem de dinheiro.
Outro segmento do grupo, com sede no Estado de São Paulo, era responsável pelo fornecimento de máquinas eletrônicas programáveis (caça-níqueis) tanto para Pernambuco como para outros Estados e até para o Exterior.
Outro ramo, ainda, figurava como instituição financeira seguradora de incontáveis bancas de jogo do bicho do Nordeste, garantindo o pagamento dos prêmios e promovendo lavagem de dinheiro.
O tronco principal da Organização, registrou uma movimentação financeira ilegal estimada em bilhões de reais e atuava, tanto no jogo do bicho, como na comercialização de bilhetes lotéricos travestidos de títulos de capitalização em sua modalidade popular, apropriando-se dos valores que deveriam ser destinados a instituições beneficentes ou revertidos em capitalização, obtendo vantagem ilícita em detrimento do povo.
Os investigados podem responder pela prática dos crimes de contrabando, Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, Jogo de Azar e Lavagem de Dinheiro. Somadas, as penas ultrapassam o limite de 30 anos. cidadeverde