Áudios mostram policiais articulando aluguel de rádios e assaltos no Piauí

militarPolicial Militar preso durante operação no Piauí (Foto: Ellyo Teixeira/G1)Policial militar preso durante
operação no Piauí (Foto: Ellyo Teixeira/G1)

A polícia divulgou nesta quinta-feira (21) os áudios de quatro conversas que, segundo o secretário de segurança Robert Rios, comprovam a participação dos policiais militares Reginaldo Alencar e José Wellington com a quadrilha especializada em assaltar empresas, supermercados e carros-forte no Piauí.
Em um dos diálogos, os policiais parecem negociar o aluguel de um rádio comunicador e a realização de um assalto. Além dos militares, outras nove pessoas foram presas durante a ‘Operação União’ realizada hoje.

“E ai deu certo?”, diz José Wellington. “Só dá certo amanhã mesmo”, responde Reginaldo Alencar. “Pois é, lá eu falei até com o menino, aí o homem já tinha até separado R$ 150 pra ti, mas sem o rádio fica difícil, né?”, diz Wellington.

Em outra gravação, integrantes da quadrilha conversam através de códigos e combinam um assalto. Os suspeitos falam da segurança do local a ser assaltado. “E tem um guarda, só um, fica só um de sete às dez”, diz um dos integrantes. “Certo”, responde outro homem identificado pela polícia como Dinei.

Alguns trechos das gravações capturadas pela polícia mostram a conversa do policial José Wellington com a namorada identificada como Nayra, onde diz que iria depositar R$ 200 na conta bancária da mulher, mas desiste de dar o dinheiro ao ser chamado de ladrão pela namorada.

“Tá certo, o que eu faço é errado. Agora, preste atenção! O que tem a ver o que eu fiz com o meu dinheiro?
Presta atenção. Foi até bom tu me chamar de ladrão, porque eu ia transferir mais R$ 200 pra sua conta, mas o dinheiro é roubado, o dinheiro é roubado. Não adianta eu te dar um dinheiro roubado, porque tu não vai ser feliz com dinheiro roubado”, diz o policial.

Em outra conversa, o casal fala sobre a divisão de um dinheiro. O diálogo aconteceu no dia seguinte ao furto qualificado em uma granja de Teresina que rendeu R$ 3 milhões ao bando. O militar fala sobre  a quantidade de dinheiro e promete que vai levar um presente para a namorada.

“Tu não vai voltar mais hoje não?”, diz Nayra. “Não, pois é… quando eu chegar te dou os presentes que eu te prometi”, diz Wellington. “Por que tu não me levou?”, pergunta a namorada. “Não, porque não coube. O carro não cabia todo mundo. É muito dinheiro amor!”, diz o policial.

Segundo o secretário de segurança, Robert Rios, os militares eram responsáveis pela logística da quadrilha especializada em assaltos. O delegado Menadro Pedro, titular do Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco), afirmou ao G1 que os militares presos atrapalharam ações que seriam desenvolvidas pela polícia. O delegado disse que os policiais tinham informações sigilosas, repassavam para membros da quadrilha e, por conta disso, os criminosos conseguiam fugir do cerco policial.

Menadro explica qual era a função dos militares José Wellington e Reginaldo. “Eles eram os informantes.
Além disso, davam total apoio para o bando que era especializado em fazer assaltos a empresas, supermercados e carros-forte. Os dois policiais entravam em contato com as pessoas e articulava os crimes. Também era competência dos PMs os aluguéis de carros e disponibilização de rádios de comunicação. Eles tinham como missão atrapalhar o serviço da polícia”, revelou o delegado.

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