Após briga na prisão, suspeito de estupro tem banho de sol suspenso
Um procedimento administrativo vai apurar os motivos que causaram o desentendimento entre Adão José de Sousa, 40 anos, e outros presos na Casa de Detenção Provisória em Altos. Na quinta-feira (16), ele foi agredido por companheiros de cela. Agora, segundo diretor de presídios, Fagner Martins, o preso está isolado e teve banho de sol suspenso.
Adão José é suspeito de comandar o estupro coletivo contra quatro adolescentes em Castelo do Piauí em maio. Fagner Martins disse ao G1 quer descobrir se o suspeito foi a vítima na confusão ou se provocou a briga.
“A investigação já foi iniciada com a realização do exame de corpo delito. Depois disso, ele teve o banho de sol suspenso e está isolado. Vamos ouvir os envolvidos para saber de fato o que aconteceu, se ele foi recolhido pelo crime em Castelo ou se é o autor dessa confusão”, afirmou.
Sobre a segurança do detento, o diretor explicou que todas as medidas estão sendo tomadas com objetivo de evitar novos desentendimentos. “As visitas e banho de sol dos presos acontecem em momentos diferentes. Além disso, todos os passos do Adão são acompanhados”, destacou Fagner Martins.
O diretor ainda espera o resultado da sindicância para saber em qual presídio Adão José ficará. Ele justifica a possível transferência da Casa de Detenção de Altos para a Casa de Detenção Provisória Dom Inocêncio Santana, em São Raimundo Nonato, ao Sul do estado, por ser uma unidade prisional com maior segurança.
“Se ele não ficar aqui em Altos será transferido para São Raimundo Nonato, pois estas duas penitenciárias são as mais seguras do estado e não estão acima da capacidade permitida”, finalizou.
Morte no CEM
Na quinta-feira (16) um dos quatro adolescentes condenados pelo estupro coletivo em Castelo do Piauí, identificado como Gleison Vieira da Silva, 17 anos, foi espancado até a morte dentro da cela do Centro Educacional Masculino (CEM) em Teresina.
Os outros três menores coautores do estupro, que estavam na mesma cela da vítima, assumiram a autoria do assassinato.
Vistoria no CEM
Nesta segunda-feira (20), uma Comissão de Segurança Pública da OAB-PI realiza uma vistoria no Centro Educacional Masculino (CEM). De acordo com o presidente da Comissão, Lúcio Tadeu, a vistoria vai averiguar funcionalidades internas do local, condições de trabalho dos servidores e dos alojamentos.
Segundo a OAB, devem participar da vistoria representantes da Comissões de Segurança Pública e Direito Penitenciário, de Defesa dos Direitos Humanos e de Defesa do Direitos da Criança e do Adolescente.
“O CEM está com problemas faz tempo, ano passado o juiz Antônio Lopes já havia pedido a interdição do lugar e nada foi feito. É preciso tomar providências de imediato, porque este centro de internação não tem mais condições de receber ninguém. A situação lá é tão grave quanto no sistema prisional”, declarou Lúcio Tadeu.
Vazam fotos
O gerente de internação do Centro Educacional Masculino (CEM), Herberth Neves, declarou que vai abrir uma sindicância para identificar os responsáveis pelo vazamento das imagens do adolescente Gleison Vieira da Silva, 17 anos, por companheiros de cela.
As imagens, que mostram o corpo ferido e o rosto de Gleison Vieira desfigurado, foram compartilhadas nas redes sociais. Herberth Neves quer saber se houve negligência por parte dos policiais ou educadores de plantão com relação a divulgação das fotos do garoto.
Ainda de acordo com o gerente de internação, os suspeitos de assassinar o adolescente admitiram o homicídio e não demonstraram remorso ou arrependimento ao relatar o ato criminoso.
“Os acusados não falaram a motivação do crime, mas acredito que houve uma discussão entre eles e o Gleison, porque ele foi o delator do estupro. Os três confessaram ter matado o companheiro e explicaram como fizeram isso. Percebi a frieza deles em comentar o ato, como se fosse algo banal. Não demonstraram nenhum remorso ou arrependimento o que mostra o grau de periculosidade destes menores”, declarou.
Segundo Herberth Neves, os adolescentes não utilizaram nenhum objeto para matar Gleison Vieira e que o crime aconteceu durante o banho.”Um dos menores relatou que deu uma ‘gravata’ na vítima, para imobilizar e impedir que ela gritasse. Depois os três menores iniciaram uma sessão de espancamento, atingindo principalmente a cabeça de Gleison”, falou.
Já o juiz Antônio Lopes, da 2ª Vara da Infância e Juventude em Teresina, afirmou que a agressão que culminou com a morte de Gleison deve ter sido iniciada enquanto a vítima dormia. G1-PI