Federação Nacional resgata 14 jogadores em situação análoga a escravidão no time do Caiçara de Campo Maior

ATLETAS1O Sindicato dos Atletas Profissionais de Futebol do Estado do Piauí resgatou 14 jogadores de futebol que viviam em condições de trabalho análogo a escravidão no município de Campo Maior, 84 km de Teresina. A ação foi encabeçada pela Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol que através de denúncias e pedidos de socorro dos próprios atletas, descobriu a situação dos jogadores do Caiçara.

O time, rebaixado no último domingo à Segunda Divisão do Campeonato Piauiense, mantinha os jogadores em uma casa onde foi constatado pelo sindicato, a falta de produtos de higiene básica, e até mesmo de comida para alimentar o time.

“Começaram a chegar mensagens dos atletas pedindo socorro e com o apoio logístico da Federação Nacional fizemos essa ação. Lá constatamos primeiramente a casa que estava em péssimas condições. Eles dormiam em colchões no chão em meio a muita sujeira. O freezer e o fogão, usados para a alimentação haviam sido retirados, e eles estavam sem ter o que comer”, contou o presidente do sindicato Vasconcelos Pinheiro Sousa Melo.
ATLETAS2A fiscalização ocorreu na última sexta-feira (22). Segundo o presidente, em um primeiro momento apenas nove jogadores aceitaram sair e deixar o time. “Nós chegamos lá e nos oferecemos levar eles para um hotel por alguns dias e em seguida enviá-los pra casa, mas cinco ainda preferiram ficar lá até o barco naufragar totalmente”, pontuou.

Foram deslocados um jogador para Recife, um para Miranda no Maranhão, três para Petrolândia, um para Minhas Gerais e três para São Paulo. Segundo o sindicato além da situação precária, os trabalhadores estão há mais de quatro meses sem salário.

Foram feitas várias denúncias ao Ministério Público do Trabalho por não anotação da Carteira de Trabalho e Previdência Social, falta do recolhimento de FGTS e INSS, trabalho escravo, mal condicionamento dos alojamentos, alimentação e, segundo o presidente, esta situação não é uma exceção do Caiçara. “Nós temos ações individuais movidas em defesa de atletas do River, Cori-Sabbá, Flamengo, Parnahyba e Piauí também”, pontuou.

Nesta segunda-feira (25) os outros cinco jogadores acionaram o sindicato e serão enviados também para seus municípios de origem.

Caiçara

Procurado pelo Cidadeverde.com, o ex-diretor do Caiçara, Francisco Ispo, afirma que não tem mais ligações com o time após afastamento por decisão judicial. Quem assumiu interinamente o seu lugar foi o presidente do Tribunal de Justiça Desportiva do Piauí (TJD-PI), José do Egito, que irá comandar um processo de eleição de um novo presidente que irá responder pelos problemas legais envolvendo os trabalhadores e o time.

“Eu sou um interventor e fui nomeado para fazer uma eleição de trinta dias. O novo presidente eleito é quem tomará decisões administrativas acerca do time”, pontuou o juiz.

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