Sindicato diz que 40 já fugiram da Major César no PI, mas Sejus nega
Rebelião na Penitenciária Major César em Teresina (Foto: Patrícia Andrade/G1)
O Sindicato dos Agentes Penitenciários do Piauí (Sinpoljuspi) denunciou que mais de 40 presos fugiram da Colônia Agrícola Major César em 2014 e que esse fato se deve a um número mínimo de agentes trabalhando e às condições precárias de trabalho. Segundo Kleiton Holanda, diretor administrativo do sindicato, apenas nessa terça-feira (4) quatro detentos fugiram em duas ocasiões distintas.
“Dois fugiram no início da manhã e outros dois por volta do meio dia. Eles simplesmente saíram correndo, passaram pela cerca de arrame e adentraram o mato. Isso sem falar que no fim de semana passado também tivemos fuga”, disse Holanda.
Sobre essa denúncia, o capitão Paulo Oliveira, diretor da unidade, afirma que Major César é um local para presos em regime semiaberto, que a lei obriga o sistema penal a deixar os detentos realizando alguma atividade durante o dia e recolhidos a noite. “O regime semiaberto, que é uma exigência da lei, pode facilitar a fuga. Aquele tem o interesse de cumprir a pena, fica. Mas se ele quiser fugir, praticamente não temos como impedir porque é obrigação deixá-lo livre durante o dia”, disse.
Oliveira questionou os números apontados pelo sindicato. “Temos sim 30 evasões, ou seja, presos que não voltaram do indulto de Natal, e 10 fugas. É importante notar essa diferença”, relatou.
Condições de trabalho
Kleiton Holanda afirma que a Colônia Agrícola conta com uma infraestrutura precária e apenas cinco servidores de plantão para tomar de conta de mais de 220 presos.
“Lá não tem nem um rádio para comunicação interna, não tem monitoramento eletrônico, não tem cerca elétrica, o armamento é insuficiente, a cerca de arrame está toda quebrada. Do ano passado para cá tivemos quatro servidores atacados. A situação é caótica”, contou.
O sindicalista afirma que dos mais de 40 detentos que fugiram, 10 foram presos novamente comentando novos crimes. “Quem fica no prejuízo é a sociedade que fica sendo atacada por pessoas que deveriam estar presas. A Secretaria de Justiça tem consciência dessa realidade e nunca fez nada”, denuncia.
O diretor de proteção externa da Sejus, capitão Anselmo Portela, afirma que o próprio regime semiaberto recomenda que a segurança de uma colônia agrícola não tenha a mesma proporção de um presídio de regime fechado. “O preso do semiaberto tem um perfil de quem já está encerrando a pena e a Legislação prevê essa sensação da liberdade, sem muros e policiamento intenso”, disse.
O diretor afirma que a infraestrutura da unidade e o pessoal não são o ideal, mas que tem sindo suficiente para dar conta da demanda. Ele ainda diz que a cerca de arame foi totalmente refeita. “É uma inverdade dizer que a cerca está quebrada, ela foi consertada. Temos alguns poucos rádios e outros, cerca de 100, estão sendo adquiridos. Quanto ao número de servidores, a gente tem pedido ao governador que nomeei o maior número possível e aguardamos isso. Mas o que temos tem
sido suficiente para dar conta do serviço”, finalizou. G1-PI