Ipea se corrige e diz que são 26%, e não 65%, os que apoiam ataques a mulheres
A ministra da Secretaria de Mulheres, Eleonora Menicucci, em apoio à campanha contra o estupro (Foto: Nei Bomfim/SPM)
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão do governo federal, informou nesta sexta-feira (4) que errou ao divulgar na semana passada pesquisa segundo a qual 65,1% dos brasileiros concordam inteiramente ou parcialmente com a frase “Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. De acordo com o instituto, o percentual correto é 26%.
O diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, Rafael Guerreiro Osório, pediu exoneração assim que o erro foi constatado, informou o instituto.
A pesquisa, intitulada “Tolerância social à violência contra as mulheres”, teve ampla repercussão. A presidente Dilma Rousseff chegou a comentar por meio do microblog Twitter. Com base nos dados da pesquisa, ela disse que o país tem “muito o que avançar no combate à violência contra a mulher”.
Em razão da pesquisa, a jornalista Nana Queiroz, de Brasília, lançou um protesto chamado “Eu não mereço ser estuprada”, que se espalhou pelas redes sociais, com fotos de homens e mulheres reproduzindo a frase em fotos pessoais. Pelo Twitter, ela disse que foi ameaçada de estupro devido à repercussão da campanha e recebeu a solidariedade de Dilma. A ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, também aderiu à campanha e publicou foto com os dizeres “As mulheres não merecem ser estupradas”.
Segundo o Ipea, a pesquisa ouviu 3.810 pessoas entre maio e junho do ano passado em 212 cidades. Do total de entrevistados, 66,5% são mulheres.
Em nota divulgada nesta sexta, o instituto pede desculpas e informa que “o erro relevante” foi motivado por uma troca de gráficos que inverteu resultados de duas das questões – “Mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar” e “Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”.
“Com a inversão de resultados entre as duas questões, relatamos equivocadamente, na semana passada, resultados extremos para a concordância com a segunda frase, que, justamente por seu valor inesperado, recebeu maior destaque nos meios de comunicação e motivou amplas manifestações e debates na sociedade ao longo dos últimos dias”, diz o texto da nota.
Apesar do erro, a nota do Ipea afirma que as conclusões gerais da pesquisa “continuam válidas”. “Pedimos desculpas novamente pelos transtornos causados e registramos nossa solidariedade a todos os que se sensibilizaram contra a violência e o preconceito e em defesa da liberdade e da segurança das mulheres”, afirmou o instituto.
Segundo nota do IPEA, o erro relevante foi causado pela troca dos gráficos relativos aos percentuais das respostas às frases Mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar e Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas. Entre os 3.810 entrevistados, os percentuais corretos destas duas questões são os seguintes:
Mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar (Em %):
42,7% concordam totalmente
22,4% concordam parcialmente
1,9% são neutros
24% discordam totalmente
8,4% discordam parcialmente
Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas (Em %):
13,2% concordam totalmente
12,8% concordam parcialmente
3,4% são neutros
58,4% discordam totalmente
11,6% discordam parcialmente.
G1