Piripiri e Piracuruca mantêm tradições de indígenas que povoaram as cidades no Norte do Piauí
As cidades de Piripiri e Piracuruca, no Norte do Piauí, tiveram forte influência indígena em sua construção. Quem conta essa história é o quadro Vem Espiar de Novo, do programa Piauí de Riquezas, que viajou até os municípios para conhecer as tribos originárias que povoaram a região.
De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem mais de 3 mil indígenas no Piauí, espalhados em tribos em Teresina, Piripiri, Pedro II, Queimada Nova, Uruçuí e Bom Jesus.
A tribo de Piripiri tem como cacique José Guilherme, reconhecido pela Funai e pelo Governo do Estado como o mais antigo chefe de tribo vivo. Ele nasceu no Ceará, mas ainda criança se mudou com sua família para a região do município piauiense.
“Eu tinha 8 anos quando cheguei aqui em Piripiri. Minha família Guilherme, dos Tabajaras, eram oito pessoas e então começamos a ir para a cidade e hoje somos uma tribo reconhecida. Aqui é a cadeira cativa dos índios tabajaras de Piripiri. Eu me orgulho de chegar uma pessoa, me procurar e eu me apresentar como cacique dos índios do Piauí”, afirmou o cacique.
Hoje com 70 anos, o cacique Guilherme mora há 38 anos na mesma casa de sua família, preservando alguns elementos indígenas. Ele também é muito engajado em manter viva a história dos seus antepassados.
Outro indígena bastante militante dos povos originários é o pajé Chicão, também conhecido em tupi guarani como Akangatchaua, ou cabeça de onça. Em sua casa ele possui uma lojinha turística com artigos indígenas, onde estudantes e curiosos afim de conhecer mais de perto essa cultura podem visitar e adquirir objetos.
“Vou deixar nessa cultura de Piripiri o meu sangue e dos meus filhos, dos meus netos. Nunca vai acabar, enquanto Deus permitir nós vamos permanecer índios aqui, como guerreiros”, destacou Akangatchaua.
Para a antropóloga Carmem Lúcia, a cultura indígena evoluiu muito, mas ainda travam luta com o preconceito e a desinformação.
“Essas pessoas, historicamente, foram vítimas de preconceito, violência, de discriminação e no presente não é diferente. Embora a gente esteja em um contexto mais favorável de afirmação da identidade, mas alguns obstáculos continuam bastante atuais. Então essa percepção atual de que é fácil ser indígena, mas não é verdade. Quem conhece essa coletividade sabe que é muito difícil afirmar a identidade, mais difícil ainda é continuar sustentando essa identidade”, diz a especialista.
Já o mestre em história João Paulo Costa comentou sobre a descrição do que é ser indígena no cenário atual.
“É fazer parte de uma comunidade que conta com a tradicionalidade com memórias e identidades específicas que remetem aos povos originários. Não existe história do Brasil e do Piauí sem o protagonismo dos povos originários e de outros grupos marginalizados”, destacou.
Indígenas de Piracuruca.
Na cidade de Piracuruca quem deu nome ao principal rio da região foram os indígenas. Esse mesmo rio deu origem ao nome do município. O professor Iran Silva explicou o significado dessas nomenclaturas.
“Os nomes eram derivados da língua tupi guarani. Pitorocara significa água que vem da terra fria. Que eram as nascentes do rio, na Serra de Ibiapaba onde as terras erram mais frias. E o nome Piracuruca significa peixe que ronca ou peixe roncador”, afirmou.
Na zona rural da cidade existe uma pousada chamada Oca Tocarijus, que fica próximo ao Parque Nacional de Sete Cidades. O local é bastante atrativo para turistas, pois é temático dos povos originários possuindo elementos como ocas, quadros, artigos de decoração e até comida típica servida aos visitantes. G1-PI