Diretor Thiago Furtado lança ‘A Cigana’, filme sobre o cantor piripiriense Benício Bem

O lançamento ocorreu no último sábado (14) na Parada de Cinema, realizada em Teresina.

O cineasta maranhense Thiago Furtado lançou, no último sábado (14), o filme ‘A Cigana’, que conta a história do cantor e compositor piauiense Benício Bem. O lançamento ocorreu na 8ª edição da Parada de Cinema, realizada no Complexo Cultural Clube dos Diários, em Teresina.

O GP1 entrevistou Thiago Furtado, para quem o documentário foi o “triunfo da vontade”, além do protagonista do filme, que disse se considerar uma pessoa invisível, enxergada pelo diretor.

Benício Bem em ‘A Cigana’

No decorrer do filme, o telespectador viaja para a localidade Poção, interior do município de Brasileira, onde Benício cresceu e conheceu o povo cigano, que inspirou sua arte. Também vemos depoimentos da família, de amigos, como o humorista João Cláudio Moreno, além de parceiros musicais como Solange Almeida e Chico César.

A película de 1h15 de duração revela a profundidade de Benício Bem, que nem todos se dispuseram a conhecer. A qualidade das suas composições e o contexto
das suas criações é um grande destaque.

Quem é Benício Bem

Thiago Furtado começa a entrevista dizendo que pensou o filme inicialmente a partir de alguns preconceitos, que se quebraram à medida que ele conheceu melhor o protagonista. O diretor pensou, de início, que falaria principalmente de questões de gênero e sexualidade. Esse tema, contudo, não é o que mais pulsa na vida de Benício. “No momento em que escrevi o filme, pensei muito em falar sobre gênero, sexualidade, essas coisas. Só que depois, nas pesquisas, eu descobri que isso é o mínimo que circunda o universo dele. E aí a pergunta era: ‘Benício é ela ou ele?’ E ele falou: ‘é ele’. Então, respeitando essa individualidade do Benício a gente começou a perceber que o gênero dentro do filme é intrínseco a própria personalidade do Benício, não existe um discurso, digamos, de panfleto, um discurso didático dentro do filme, porque a própria figura do Benício já se sustenta como uma figura que também desafia o gênero e a sexualidade”, declarou o cineasta.

O nome do filme mostra como a arte de Benício Bem foi atravessada pela cultura cigana, com quem ele teve contato ainda na infância, quando seu pai recebia em
casa grupos de ciganos viajantes. “A minha história musical não se confunde com a história dos ciganos, mas ela homenageia, porque na minha infância, quando eu morava no interior, os ciganos eram nômades, andavam pelo mundo e papai os recebia lá em casa. Eu via esse movimento todo, papai adorava recebê-los, eles eram muito alegres, muito festivos, com roupas coloridas, sanfona, rabeca, pandeiro e quando eu fui seguir carreira musical, disse que ia homenagear o povo cigano me vestindo parecido. Porque eu me sentia um pouco cigano de alma”, afirmou o artista.

O que se vê nas telas

O diretor também utilizou elementos que rementem ao cosmos, ao místico. Em determinada cena, vemos Benício ao redor de uma fogueira, em outro, ele sob
um céu estrelado. É uma história visual. “São vários quebra-cabeças que a gente vai montando e acabamos encontrando uma narrativa que empurra muito para esse lado musical, espiritual e cósmico.

O filme é todo permeado por imagens de estrelas, difusões, por câmeras e lentes que se distorcem, por galáxias, por fogo, os quatro elementos, a gente pegou muito isso”, afirmou o diretor.

Homenagens em vida

Thiago Furtado também falou da importância de se homenagear as pessoas em vida. ‘A Cigana’ traz, portanto, uma história ainda em curso, com passado, presente e futuro. “O Benício, além dessa figura enigmática, é uma figura que sabe do trabalho dele, é um ótimo profissional, um artista que vive exclusivamente da arte, passou por várias dificuldades para viver dessa arte e enfrenta isso, já tem trinta anos de carreira, quase duzentas composições e continua enfrentando essa resistência de ser artista no Brasil, ainda mais no Piauí. Para a gente é um enorme prazer ser feito esse filme, que demorou sete anos para ser feito. Começou sem grana nenhuma, mas a gente resolveu honrar a memória em vida do Benício e levar ele para ser visto em outros lugares”, concluiu o diretor.

Para Benício Bem, o documentário é uma oportunidade para que as pessoas possam, de fato, enxergá-lo. “O que está lá é feito com muito carinho e eu espero que reverbere de maneira amorosa entre as pessoas. Eu me considero uma pessoa invisível, a pessoa me vê, mas não me enxerga. Mas o que é invisível também tem peso, e o Thiago Furtado enxergou, transformou essa história no filme”, concluiu o cantor.

Onde assistir ‘A Cigana’

Até o dia 2 de julho, o filme e todas as outras produções exibidas na Parada de Cinema estarão disponíveis gratuitamente na plataforma Itaú Cultural Play, neste link. Depois, ‘A Cigana’ vai circular por festivais, entre eles, o Festival Internacional de Cinema Rio LGBTQIA+ 2024, no Rio de Janeiro (RJ), e o Festival Guarnicê, em São Luís (MA).

GP1

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