“Não vamos deixar a bola cair”, afirma embaixadora da África do Sul sobre legado do Brasil no G20
O segundo dia da reunião da Força-Tarefa para a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza foi marcado por avanços nas negociações de seus termos finais e documento fundacional. Os progressos foram destacados, em coletiva de imprensa, pela embaixadora da África do Sul na Itália e representante permanente junto à Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Nosipho Nausca. O país sucede ao Brasil na presidência do G20, a partir de 1º de dezembro deste ano.
“A Força-Tarefa montada pelo ministro Wellington Dias avançou no segundo dia e há expectativa por resultados bem positivos amanhã”, anunciou a embaixadora, que participa do encontro desde a última quarta-feira (22.05). “Este é um momento importante de virar a chave na luta contra a fome. O Brasil é um exemplo e tem sido bem recebido pelos países que participam da discussão”, completou.
Nosipho Nausca enfatizou que o Brasil se distingue ao trazer diferentes visões de todos os países, além de instituições nacionais e internacionais que têm conhecimento sobre o tema. A embaixadora também elogiou o papel da sociedade civil no processo. “Há um compromisso do Brasil em envolver todos os atores no debate sobre a fome e a desigualdade”, avaliou.
Para ela, o Brasil é um exemplo e uma inspiração, que tem um bom desenho de programas para combater a fome e a pobreza no mundo. “A África do Sul assume, em dezembro, a presidência do G20 e está sendo inspirada pelo papel que o Brasil desenvolve”, explicou. “Não vamos deixar a bola cair”, completou, ao referir-se à Aliança Global e ao legado que o Brasil vai deixar no fórum das maiores economias do mundo.
O caso de Guaribas
O papel de destaque do Brasil na luta contra a insegurança alimentar e a pobreza também foi enfatizado pelo coordenador de Ciências Humanas e Sociais e Ciências Naturais da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Fábio Eon. Em coletiva de imprensa, o coordenador analisou as mudanças de Guaribas, no interior do Piauí, após os investimentos em educação no município nos últimos 20 anos.
“O Bolsa Família tinha no pacote de condicionalidades a frequência escolar. Quando vemos um programa educacional aliado a um programa de proteção social, vemos a efetividade da educação para melhorar indicadores sociais e combater a pobreza de maneira efetiva”, afirmou Eon. “A gente sabe que a educação, talvez seja o instrumento mais importante para combater a pobreza, principalmente a pobreza intergeracional”, completou.
O especialista da ONU destacou que o Piauí melhorou diversos indicadores no quesito de alimentação e educação. “Há uma correlação no número de matrículas escolares com os índices de combate à fome na infância”, pontou.
Como participante da reunião em Teresina, Eon destacou ainda o clima cordial das negociações. “Trabalhamos em um consenso, com divergência em relação a alguns termos na redação, mas, de forma geral, os países têm concordado. Acredito que, nesta quinta ainda, vamos chegar no termo de referência e estrutura de governança dessa Aliança”, projetou.
A 3ª reunião da Força-Tarefa para a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza segue até essa sexta-feira (24.05). A expectativa é que os documentos acordados sejam debatidos na reunião ministerial, em julho, no Rio de Janeiro, e que a Aliança seja lançada em novembro durante a Cúpula de Chefes de Estado e Governo do G20, também na capital fluminense.