Operação resgata 96 operários em condições de escravidão no Ceará

trabalhoescravoTrabalhadores ficavam em alojamento sem condições mínimas de higiene, segundo MPT (Foto: Polícia
Rodoviária Federal/Divulgação)

Uma operação da Polícia Rodoviária Federal, Ministério Público do Trabalho e Ministério do Trabalho e
Emprego resgatou 96 operários em situação de trabalho semelhante à escravidão em fazendas de
Barroquinha e Granja, no Ceará. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, os trabalhadores não
tinham acesso a água potável e trabalhavam sem “condições mínimas” de higiene, sem instalações
elétricas e sanitárias.

“Devidos às péssimas condições, muitos preferiam dormir ao relento debaixo de pés de cajueiros, a ter
que se submeterem às péssimas condições de conforto e higiene dos alojamentos”, informa a Polícia
Rodoviária Federal, em nota.

Durante a inspeção, os trabalhadores relataram que bebiam água sem processo de filtragem, em copos
coletivos e que o café da manhã era somente café. A alimentação era preparada em fornos improvisados
de tijolos e em latas de querosene reutilizadas, e era composta de arroz com feijão no almoço e no jantar;
com exceção do almoço das quintas-feiras, quando era fornecida carne de porco ou de frango.

Os trabalhadores desenvolviam atividades relacionadas à produção do pó da carnaúba sem equipamento
de proteção e sem a realização de exames médicos admissionais.

Ainda de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, os trabalhadores em situação de escravidão
eram contratados em Barreiras, na Bahia, para trabalhar em carvoeira em Canindé, no Ceará. Após a
constatação de “aliciamento” de trabalhadores, o ministério iniciou a operação de fiscalização dos
trabalhadores, que começou em 3 de dezembro e foi concluída nesta quinta-feira (12).

Com o fim da operação, os operários receberam verbas rescisórias. As fazendas receberam autos de
infração pelas infrações constatadas. Todos os trabalhadores resgatados receberão três parcelas de
seguro desemprego especial em razão das condições a que estavam submetidos, independentemente
do tempo em que estavam trabalhando nas propriedades. G1

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