Preso que acusou delegado de o indiciar por recusa para ‘se conhecerem melhor’ é investigado por tráfico de drogas
Suspeito foi colocado em liberdade na audiência em que fez denúncia contra o delegado. A autoridade policial nega a acusação. Denúncia será investigada pela Corregedoria da Polícia Civil e pelo Ministério Público.O preso que alegou ter sido indiciado por um crime após se recusar a ter um envolvimento amoroso com o delegado responsável pelas investigações do crime de tráfico de drogas, pelo qual ele é suspeito, foi identificado. Trata-se de Victor Manoel de Melo Sousa, de 23 anos.
Conforme os autos processo, Victor Manoel foi denunciado no dia 17 de maio de 2024 pelos crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico. O g1 tenta contato com a defesa dele.
O jovem fez a acusação contra o delegado Antônio Alves, titular da delegacia de Luzilândia, durante uma audiência virtual no Fórum da cidade, no dia 1º de abril. O delegado negou a acusação e afirmou que a declaração é uma tática da defesa do preso para tentar desqualificar a investigação policial.
Na sessão, a Justiça concedeu a ele o benefício de liberdade provisória, com a imposição de medidas cautelares: comparecer mensalmente ao Juízo; manter o endereço atualizado; não frequentar bares, pontos de drogas e semelhantes e proibição de ausentar-se de Luzilândia.
Preso diz que delegado ofereceu dinheiro para ‘conhecê-lo melhor’
Na audiência, o preso declarou se recusou a ir para a casa do delegado e que a autoridade policial fez pagamentos de quantias em dinheiro para “conhecê-lo melhor”.
O delegado afirmou que os valores foram pagos em uma tentativa de delação premiada, para que o suspeito revelasse nomes de criminosos. O detento negou e afirmou que o delegado estava mentindo.
⚖️A delação premiada é um acordo pelo qual um acusado pode confessar o crime e denunciar um ou mais envolvidos na mesma prática criminosa à qual responde, em troca de redução ou isenção de pena. A legislação brasileira não prevê compensação financeira para a celebração desse acordo.
O investigado contou que recebeu dinheiro de Antônio Alves pelo menos três vezes, mas nunca chegou a ir até a residência. Ainda segundo o preso, após as recusas, o delegado começou a ir até a casa dele para levá-lo à delegacia.
O investigado disse que apenas em um desses momentos teria sido ameaçado para revelar nomes de criminosos da região e, caso não contasse, poderia ser preso.
Após a audiência, a Corregedoria da Polícia Civil do Piauí (PCPI) e o Ministério Público do Piauí (MPPI) foram comunicados das acusações para tomarem as providências cabíveis. O MPPI informou que já um procedimento para investigar a acusação do preso.
A Corregedoria da PCPI afirmou que aguarda notificação oficial da Justiça para também iniciar um procedimento. G1-PI