Promotor denuncia enfermeira e técnica por morte de criança em Campo Maior
O promotor de Justiça Luciano Lopes apresentou denúncia nesta terça-feira (5) na Comarca de Campo Maior, contra uma enfermeira e uma técnica de enfermagem por homicídio culposo. As duas profissionais são apontadas no inquérito policial como responsáveis por trocar o medicamento que resultou na morte de Sara Valentina Alves do Nascimento, de um ano e oito meses, em setembro do ano passado.
De acordo com o promotor, uma enfermeira do Hospital Regional de Campo Maior foi quem preparou as injenções de cloreto de potássio, que deveria ser diluída no soro fisiológico antes de ser aplicada na paciente, e uma outra com dipirona que devia injetada na veia. Após o preparo, as medicações foram entregues a uma técnica de enfermagem, que teria trocado os remédios na hora da aplicação.
“A morte da Sara foi por negligência. Ao aplicar o cloreto na veia da paciente de maneira rápida, a técnica provocou a morte imediata da criança por asfixia. Além da troca dos medicamentos, a enfermeira não poderia ter repassado os remédios para a outra pessoa, pois quem prepara é quem deve aplicar”, relatou.
Luciano Lopes revelou que cloreto de potássio é o mesmo componente que, ao ser aplicado diretamente na veia, é usado na execução da pena de morte nos Estados Unidos e também para matar cachorros. Em humanos, ele só pode ser usado, quando diluído no soro e de forma gradativa. Aplicado diretamente na veia, causa a morte.
“Vamos aguardar o parecer do juiz para saber se aceita ou não a denúncia. Caso ele receba, as funcionários do hospital devem apresentar defesa em 10 dias e posteriormente serão convocadas para uma audiência. Enquanto isso, as duas denunciadas continuam trabalhando na unidade de saúde e respondem também por um procedimento administrativo”, contou.
Entenda o caso
Em setembro do ano passado Sara Valentina deu entrada no hospital público de Campo Maior com diarreia e dores no estômago. A criança foi medicada, mas passou mal e morreu após o atendimento. A família suspeitou de erro médico e o laudo do Instituto Médico Legal de Teresina (IML) concluiu que a morte foi causada por edema pulmonar.
Além da investigação da polícia, uma sindicância do Conselho Regional de Medicina (CRM) foi aberta, mas segundo a assessoria de imprensa do órgão, o processo tramita em sigilo e o conselheiro sindicante pelo caso ainda não concluiu o procedimento. G1-PI