Teresina deixará de atender pacientes do Maranhão com câncer em 2014
A partir desta quarta-feira (1º) Teresina não vai mais atender pacientes com câncer vindos do estado do Maranhão. A decisão é da prefeitura da capital piauiense, que alega não ter condições de receber esses pacientes porque o estado vizinho não faz o repasse do valor gasto com eles.
“O estado do Maranhão tem dois hospitais, um situado na região Norte, em São Luís, e outro situado em Imperatriz, na área Leste, de maneira que eles têm como atender perfeitamente toda a sua população”, alega o secretário municipal de saúde, Noé Fortes. Há um acordo de 2010 em que a prefeitura de Teresina se disponibiliza para receber pacientes de algumas cidades maranhenses, mas, segundo o secretário, a demanda cresceu muito e não é mais possível manter o pacto nos mesmos moldes.
“Para mostrar a dificuldade que nós estamos passando, o Hospital São Marcos trabalha inclusive na madrugada, para atender não só os pacientes de quimioterapia como também de radioterapia. Isso é um desconforto para quem tem que sair de madrugada da sua residência para se tratar em um hospital de Teresina”, afirma Noé Fortes.
O secretário explica que os pacientes de Teresina não deixam de ser atendidos, mas que a alta demanda atrasa o tratamento. “Nós só temos um hospital, e ele está trabalhando no seu limite. Atendemos à lei no sentido de atendê-los dentro de 60 dias, mas precisamos ter cuidado com isso porque há um excesso não só para quem trabalha, mas principalmente para aquele que vai receber a atenção dos profissionais de saúde”, diz o gestor da saúde teresinense.
Existe ainda um outro problema, já que, segundo a prefeitura de Teresina, desde 2011 não é feito o repasse para cobrir os gastos com os pacientes vindos do Maranhão, que já acumula uma dívida de R$ 8 milhões. “O estado do Maranhão continua a dizer que não reconhece essa dívida. Já estivemos por 3 vezes tentando conversar, não se pode dizer que Teresina não procurou solucionar a dificuldade causada”, diz Fortes.
A ideia da prefeitura de Teresina não é romper o pacto totalmente, mas diminuir a sua abrangência. “Nós mostramos que não podemos atender mais as 39 cidades que nós atendíamos antes, porque a população cresceu. Nós temos que atender as cidades mais próximas, como Caxias e Timon”, defende o secretário de saúde, informando que 15% dos atendimentos de Teresina são de pacientes de outros estados.
Fortes finaliza dizendo que foi sugerido que o governo do Maranhão envie auditores a Teresina para confirmar a situação, mas garante que a reformulação alcançará apenas novos pacientes. “As pessoas do Maranhão que já estão inseridas no tratamento não sofrerão nenhuma descontinuidade. Apenas as novas que não poderemos mais atender”. G1-PI