Tina Turner, cantora americana rainha do rock n’ roll, morre aos 83 anos
Tina Turner, cantora americana considerada a rainha do rock n’ roll, morreu aos 83 anos. A morte foi confirmada pelo assessor dela nesta quarta-feira (24). A causa da morte não foi divulgada, mas ela morreu “após uma longa doença” em sua casa na Suíça.
Em 2016, a diva dos anos 1980 teve um câncer de intestino diagnosticado. No ano seguinte, teve problemas renais que a levaram a fazer sessões diárias de diálise e, por fim, foi necessário um transplante. Na ocasião, o doador foi seu marido Erwin Bach.
A cantora de sucessos como “What’s Love Got to Do with It”, “The Best” e “We Don’t Need Another Hero” se lançou em carreira solo nos anos 1980. Antes, Tina e o ex-marido, Ike Turner, que morreu de uma overdose de cocaína em 2007, fizeram sucesso no final dos anos 1960 e início dos anos 1970.
Tina ganhou oito prêmios Grammy e vendeu mais de 100 milhões de discos em todo o mundo.
Do soul ao rock
Anna Mae Bullock nasceu em uma família pobre dos Estados Unidos. Aos 15 anos, foi abandonada pelos pais e cantou em boates para se sustentar.
Em uma das apresentações, conheceu Ike Turner com a banda The Kings of Rhythm. Anna Mae pediu para ser backing vocal e em pouco tempo se tornou uma das vozes principais. Ike e a cantora decidiram formar uma dupla e, após se casarem, ela adotou o nome artístico Tina Turner. Ao lado do marido, dominou o cenário da música soul nos anos 60 e 70.
Na vida pessoal, o casamento foi marcado por brigas e escândalos. Alcóolatra e dependente de drogas, Ike culpava Tina pelo declínio da dupla, a agredia, humilhava e traía. Ela apareceu em público diversas vezes com o olho roxo ou com o lábio inchado. Depois de 18 anos, ela pediu o divórcio. Na justiça, propôs abrir mão de todo o patrimônio em troca de manter o sobrenome Turner.
O recomeço
Tina recomeçou do zero. Sem dinheiro, morou com uma amiga e abriu shows para outros grupos famosos, como os Bee Gees. Para voltar ao cenário musical, apostou no rock, influenciada por David Bowie e Rolling Stones (uma curiosidade: Mick Jagger se inspirou em Tina para criar sua icônica dancinha nos palcos). Adotou ainda novo estilo, com roupas ousadas e cabelos loiros espetados.
Em 1984, lançou o álbum “Private dancer”. “Whats love gotta do with it”, que ela não queria gravar quando ouviu pela primeira vez, virou um megassucesso e ajudou Tina a vender mais de dez milhões de cópias em todo o mundo. O título de “rainha do rock” surgiu aos 45 anos. Nos shows e clipes, ela cantava e dançava sem perder o fôlego.
Em 1986, lançou a biografia “Eu, Tina: a história da minha vida”, sobre a trajetória profissional e pessoal com o ex-marido, além de revelar as agressões. O livro virou filme em 1993, estrelado por Angela Basset e Laurence Fishburne.
O álbum seguinte foi “Break every rule”, com o qual Tina fez a maior turnê de sua carreira. Foram 14 meses viajando. Um show desta turnê no Brasil entrou para o livro dos recordes: a cantora reuniu 184 mil pessoas em uma única apresentação no Maracanã. O show foi transmitido ao vivo para todo o mundo.
No início dos anos 90, lançou a música “The best”, tema de alguns atletas. Um deles foi Ayrton Senna, que subiu no palco ao lado de Tina em um show na Austrália, em 1993.
Além da música, ela estrou nos cinemas em 1975 no filme “Tommy”. Dez anos depois, atuou em outro sucesso, “Mad Max – Além da cúpula do trovão”. Cantou também o tema “We Don’t Need Another Hero”. Outra participação marcante em trilhas foi na de “007 contra Golden Eye”.
O sucesso da música “GoldenEye” fez com que Tina Turner, então com 56 anos, lançasse um álbum, “Wildest dreams”. No fim da década de 90, lançou o nono álbum da carreira solo e anunciou a aposentadoria dos palcos. “Twenty four seven” emplacou dois hits, mas o clima de despedida atraiu milhões para os shows.
Em 2008, para marcar os 50 anos dos prêmios Grammy, fez uma apresentação histórica. Além de cantar seus grandes sucessos, fez um dueto com Beyoncé. Quando fez 73 anos, Tina Turner superou Meryl Streep e foi a mulher mais velha a estampar a capa da revista “Vogue”. Em 2021, um documentário da HBO recontou com detalhes a vida e carreira dela.