Violência e mortes chocaram o Brasil em 2013
Incêndio em Santa Maria e caso Pesseghini estão na lista; relembre
A maior tragédia de 2013 no Brasil — e uma das maiores de sua história — ocorreu na noite do dia 27 de janeiro, quando a casa noturna Kiss, em Santa Maria (RS), foi tomada pelo fogo depois que a faísca de um show pirotécnico queimou a espuma de revestimento acústico do local.
A fumaça tóxica liberada pelo incêndio matou 234 pessoas no mesmo dia, mas o número de mortos subiu depois para 242.
O Ministério Público do Rio Grande de Sul denunciou, em agosto, oito bombeiros pelo caso. Todos serão julgados pela Justiça Militar de Santa Maria. Três responderão por falsidade ideológica e cinco por inobservância da lei em processos administrativos e na fiscalização do local.
Ciclista perde o braço em atropelamento
No dia 10 de março, David Santos Sousa, de 21 anos, perdeu o braço ao ser atropelado na Avenida Paulista, em São Paulo, quando ia de bicicleta ao trabalho.
O estudante de psicologia Alex Kozloff Siwek dos Santos, de 21 anos, dirigia o carro que atingiu Sousa, não prestou socorro e ainda descartou o braço do rapaz (que ficou preso ao carro) em um córrego da cidade.
Horas depois, ele compareceu a uma delegacia para se entregar. Um exame indicou a presença de álcool no sangue do motorista. Ele foi indiciado por homicídio doloso, omissão de socorro, fuga e crime de trânsito.
Na foto, o ciclista é visto ao lado de Thiago Chagas dos Santos (de camiseta preta) e Agenor Pereira Junior, que prestaram os primeiros socorros no dia do acidente.
Turista é estuprada dentro de van
No dia 30 de março, uma turista norte-americana de 21 anos foi estuprada oito vezes dentro de uma van, que seguia de Copacabana para a Lapa, no Rio de Janeiro, após um assalto.
O namorado da vítima, um francês de 22 anos, testemunhou o crime, além de ter sido agredido. O veículo tinha vidros escurecidos, o que facilitou a ação dos criminosos.
O caso teve repercussão internacional e fez o governo do Rio impor uma série de restrições a circulação de vans na capital fluminense.
Três homens foram condenados: Jonathan Froudakis de Souza e Walace Aparecido Souza Silva terão de cumprir a pena mais alta (49 anos, 3 meses e 11 dias) pelos crimes de roubo, estupro e extorsão. Carlos Armando Costa dos Santos foi condenado por estupro e extorsão (21 anos e 7 meses de reclusão).
Advogado mata a mulher
Em 20 de abril, a secretária-executiva Hiromi Sato, de 57 anos, foi morta em seu apartamento em Higienópolis, bairro nobre de São Paulo, pelo companheiro, o advogado Sérgio Brasil Gadelha, de 74 anos. O casal havia discutido porque a vítima encontrou um ex-namorado.
Ele confessou que bateu na mulher com um cinto e depois a asfixiou. A polícia só foi avisada no dia seguinte.
O Ministério Público denunciou o acusado por homicídio com três qualificadoras: motivo torpe, emprego de meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima. Gadelha cumpre prisão domiciliar em uma clínica terapêutica desde 29 de abril.
A dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza, de 47 anos, foi queimada viva durante um assalto a seu consultório, em São Bernardo do Campo (SP). Segundo um paciente, única testemunha do crime, os criminosos encharcaram a vítima com álcool para assustá-la antes de atear fogo e a matar. Três homens foram presos e um adolescente foi apreendido. Posteriormente, o menor assumiu a responsabilidade do ato.
Pouco depois de um mês, outro dentista, Alexandre Peçanha Gaddy, de 41 anos, também morreu em decorrência de queimaduras causadas por assaltantes em seu consultório em São José dos Campos (SP).
Os casos que chocaram a sociedade levaram à tona questões sobre maioridade penal
Briga de vizinhos termina em tragédia
Três pessoas morreram após uma briga em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo, em 23 de maio. Vicente D’Alessio Neto, de 60 anos, ficou irritado com o barulho que um casal fazia no andar de cima, pegou um revólver de calibre 38 e entrou no apartamento dos vizinhos, por volta das 21h.
O homem disparou seis tiros, matando Fabio de Rezende Rubim, de 40 anos, que era subsíndico do prédio, e a mulher, Miriam Cecilia Amstalden Baida. Em seguida, Vicente se matou dentro do elevador do prédio.
Adolescente é morta perto de parque de diversões
Em junho, Tayná Adriane da Silva, 14 anos, sumiu em Colombo, Região Metropolitana de Curitiba (PR). Dois dias depois, seu corpo foi encontrado por moradores em um matagal na frente de um parque de diversões.
Quatro funcionários do local foram presos, acusados de estuprá-la e matá-la, mas foram liberados posteriormente sob a alegação de que haviam confessado o crime após tortura. O caso continua sem solução.
Em 28 de junho, o garoto boliviano Brayan Yanarico Capcha, de apenas 5 anos, foi morto com um tiro na cabeça porque chorou durante um assalto à casa de sua família.
Cinco criminosos — quatro deles assassinados depois da repercussão do crime — teriam rendido o tio da vítima na garagem. Os familiares afirmam ter entregue R$ 4,5 mil aos assaltantes, que exigiam mais dinheiro.
Em 6 de julho, o funkeiro Daniel Pellegrine, de 20 anos, conhecido como MC Daleste, morreu após levar um tiro durante um show realizado em Campinas (SP).
Um vídeo que registrou o momento em que ele é baleado no tórax e cai no palco durante a apresentação foi publicado por um fã na internet.
O funkeiro chegou a ser entubado e encaminhado para a mesa de cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos. O caso permanece sem solução.
Desaparecimento de Amarildo
Em julho, protestos tomaram conta das ruas do Rio, e de outras cidades do País, com a pergunta ‘?Onde está Amarildo?’?. O rosto do pedreiro Amarildo de Souza se tornou conhecido depois que ele sumiu inexplicavelmente após uma abordagem policial na Favela da Rocinha, ocupada por uma UPP.
Inicialmente o desaparecimento foi atribuído aos traficantes da região, mas denúncias de moradores mostraram que a própria polícia poderia ser responsável pelo crime. No total, 25 agentes responderão por crime de tortura. O corpo da vítima nunca foi encontrado.
Chacina em família de policiais
Uma chacina na Vila Brasilândia, zona norte de São Paulo, deixou o Brasil atônito em 6 de agosto: cinco membros da mesma família (pai, mãe — ambos policiais –, avó, tia-avó e filho, um adolescente de apenas 13 anos) foram encontrados mortos na casa em que moravam.
Segundo a polícia, o filho teria matado os familiares, ido à escola com o carro da mãe, assistido às aulas, e cometido suicídio ao voltar. A conclusão não agradou a todos: uma das teorias levantadas durante a investigação é de que o crime teria sido uma resposta às denúncias feitas pela mãe da família, a policial militar Andréia Pesseghini, contra os colegas de trabalho.
Mãe mata as filhas
Laudos da polícia concluíram que Mary Vieira Knorr envenenou as duas filhas, Paola Knorr Victorazzo, de 13 anos, e Giovanna Knorr Victorazzo, de 14 anos, em sua casa, no Butantã, São Paulo. As duas foram encontradas mortas no dia 14 de setembro.
O cachorro da família também havia sido morto com um saco plástico amarrado na cabeça.
A mãe, que estava no chão da sala, confessou o crime e disse que queria morrer. Ela está na Penitenciária Feminina 1 de Tremembé (SP), onde deve ficar presa até seu julgamento.
Caso Joaquim
Em 5 de novembro, o desaparecimento do menino Joaquim Ponte Marques, de 3 anos, mobilizou as redes sociais. Até celebridades pediram a ajuda do público para localizar a criança, que era diabética e havia sumido de sua casa em Ribeirão Preto (SP). Cinco dias depois, no entanto, o corpo do menino foi encontrado no Rio Pardo, na zona rural de Barretos, a 150 quilômetros de casa.
Exames preliminares indicaram que ele foi morto antes de ser jogado no rio. A Justiça decretou a prisão temporária da mãe, Natália Ponte, e do padrasto, Guilherme Longo.
A Polícia Civil acreditava que Longo, principal suspeito pela morte, teria usado (de forma acidental ou premeditada) uma dose excessiva de insulina na criança. Entretanto, o laudo foi negativo e o caso permanece sem solução. A mãe, que ficou detida por um mês, foi liberada após uma decisão judicial. Fonte: estadao