Caso Wesley: família de bebê desaparecido no Piauí seguia ordens de ‘profeta’ de 12 anos durante ritual
Bebê desaparecido no Piauí pode ter sido morto em ritual macabro— Foto: Divulgação
A mãe do bebê Wesley Carvalho Ferreira relatou, em depoimento ao Conselho Tutelar de Teresina, que a família recebia ordens de um adolescente de 12 anos, apelidado de ‘profeta’, durante um ritual realizado em Altos, Norte do Piauí. A informação foi repassada por ela na última segunda-feira (21).
Os pais e os avós paternos de Wesley foram presos temporariamente, suspeitos de homicídio com a ocultação de cadáver. A Polícia Civil investiga se a criança foi queimada no ritual feito pela própria família, para ‘quebrar uma maldição’.
Ao g1, a conselheira tutelar Socorro Arraes, da Zona Leste da capital, informou que, no depoimento, a mãe reforçou a versão de que foi obrigada a mentir sobre o sumiço do bebê.
“A mãe contou que houve um ritual que durou vários dias. Eles jejuaram de todas as formas, houve jejum de alimentação, de consumo de água, de limpeza. No dia 29 de dezembro, o Wesley começou a chorar, de acordo com ela. Ela acalentou o bebê e ele acalmou. Depois percebeu que o filho não estava bem e disse para o marido ‘tem algo errado com o neném”, contou.
Segundo a mãe, no dia do desaparecimento, Wesley foi entregue para o pai, que deveria ter levado a criança ao hospital.
“Como ela estava fraca e debilitada, por estar muito magrinha, ela entregou a criança para o pai levar ao hospital. O pai saiu com o Wesley, acompanhado do adolescente profeta e dos avós do bebê. [Durante o depoimento,] a conselheira Tatiana perguntou ‘eles demoraram?’ e a mãe disse ‘não, pouco tempo depois eles retornaram’. Ela disse que perguntou ‘cadê o Wesley?’ e o pai respondeu ‘nós jogamos na caeira’'”, contou a conselheira.
Na região, caeira representa uma cova rasa destinada à produção de carvão.
Conforme a conselheira Socorro Arraes, a mãe não soube afirmar se Wesley estava morto quando foi levado pelo pai, o adolescente e os avós.
“Se ele estava morto quando foi queimado, não sabemos. De qualquer forma, a família deveria ter levado ao hospital. O bebê poderia apenas ter desmaiado de fome, afinal passou vários dias sem comer, beber ou banhar. Mas possivelmente, eles preferiram continuar o ritual e quebrar a suposta maldição. Um ritual macabro e chocante”, destacou a conselheira.
Adolescente ‘profeta’
A conselheira titular Socorro Arraes informou que, segundo a mãe do bebê Wesley, o adolescente ‘profeta’ de 12 anos é da família paterna da criança. Ele ainda não foi localizado ou identificado.
O depoimento completo da mãe será repassado ao Ministério Público e à Polícia Civil, que deve prosseguir com a investigação.
Investigação
O delegado Matheus Zanatta, gerente de polícia especializada, da Polícia Civil do Piauí, informou no dia 18 de fevereiro que a principal hipótese para o sumiço do bebê seria de homicídio com ocultação de cadáver. Segundo ele, o que chamou atenção dos policiais foi o fato do caso ser denunciado quase dois meses após o fato. G1-PI