Governo do Piauí amplia apoio a 71 mil famílias rurais e aposta R$ 150 milhões em produção sustentável no semiárido
Medidas incluem Garantia-Safra, distribuição de kits de irrigação e investimentos em projetos de adaptação climática no semiárido piauiense.O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF) do Piauí, tem desenvolvido uma série de iniciativas para apoiar os pequenos produtores rurais e enfrentar os desafios causados pelas mudanças climáticas e estiagens prolongadas. As ações vão desde a distribuição de kits de irrigação até programas estruturantes que buscam garantir a atividade agrícola durante todo o ano.
Entre as medidas, destaque para o programa Garantia-Safra, que, em parceria com o Governo Federal, deverá beneficiar 71.433 famílias de agricultores neste ano agrícola de 2024-2025, caso comprovem perdas de, no mínimo, 50% referentes a fenômenos climáticos. O auxílio é no valor de R$ 1.200 por família.
O superintendente de Ações de Apoio à Agricultura Familiar da SAF, Clébio Coutinho, destaca que essas políticas públicas são fundamentais para proteger e fortalecer a agricultura familiar, especialmente as famílias mais vulneráveis.
“O Garantia-Safra protege agricultores familiares de baixa renda. A SAF tem o papel de implementar uma rede de ações que vão desde o fortalecimento da base produtiva até o apoio à comercialização, e isso vem possibilitando um crescimento gradativo no setor, tornando os sistemas mais resilientes e sustentáveis”, frisa Coutinho.
Outra ação estruturante da SAF é a distribuição de kits de irrigação. Em 2024, foram entregues 1.413 kits, favorecendo o plantio de hortas comunitárias, fruticultura e outros sistemas, reduzindo a dependência das questões climáticas.
A segurança hídrica também está sendo reforçada com a construção de cisternas para captação e armazenamento de água da chuva. Atualmente, estão em execução 4.769 unidades, por meio de um convênio com o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) com previsão de mais 9.400 até 2026. As estruturas garantem água potável e sustentam a produção em comunidades rurais do semiárido piauiense.
No campo da resiliência produtiva, o estado aposta no Projeto Piauí Sustentável e Inclusivo (PSI). Com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), o programa prevê a implantação de 300 projetos de inclusão produtiva e adaptação climática.
Jário Chagas, superintendente de Projetos dos Territórios do Semiárido, explica que o projeto busca promover a produção da agricultura familiar com adaptação às mudanças climáticas, estruturado em dois componentes principais, como a segurança hídrica e produção adaptada ao clima. “O PSI tem execução prevista até 2029, com US$ 118 milhões em crédito, sendo US$ 100 milhões do BID, US$ 18 milhões do FIDA, e contrapartida estadual de US$ 29,5 milhões, cerca de R$ 150 milhões”.

Ele reforça ainda que o projeto estrutura comunidades com infraestrutura para consumo e produção. “O projeto prevê que as infraestruturas produtivas tenham acesso a outras formas de energia, como placas solares, torres eólicas, biodigestores, além de insumos sustentáveis, com uso de tecnologias sociais e assistência técnica pautada na agroecologia e nos sistemas agroflorestais”, complementa o superintendente.
Outro projeto que pretende fortalecer a infraestrutura produtiva na agricultura familiar é o Pilares II, por meio de financiamento com o Banco Mundial. Além disso, a SAF reforça a distribuição de insumos agrícolas, como sementes, mudas frutíferas e forrageiras, incentivando a diversificação e continuidade da produção. Os pequenos produtores também estão sendo beneficiados pelos programas de apoio à comercialização, como o Projeto Quitanda, apoio a feiras da Agricultura Familiar e os mercados institucionais (PAA e PAS), que compram a produção para doação a entidades socioassistenciais.
Para a secretária da pasta, Rejane Tavares, o conjunto de medidas reforça o papel do Governo na construção de um campo mais resiliente e produtivo.
“As ações que estão sendo executadas vão além da situação de estiagem que estamos enfrentando. Elas visam à implantação de infraestrutura e tecnologias que permitirão aos agricultores familiares uma convivência mais sustentável com o semiárido”, finaliza a gestora.