Tiro que matou garoto piauiense em morro carioca partiu de PM, revela inquérito
A Polícia Civil do Rio de Janeiro divulgou nesta terça-feira (3), o resultado do inquérito que investigava a morte do menino Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos, morto em abril na porta de casa no Complexo do Alemão. Segundo informações do chefe da Divisão de Homicídios, delegado Rivaldo Barbosa, a bala que atingiu a cabeça do garoto saiu da arma de um policial.
O inquérito diz que os policiais mataram o garoto sem querer durante confronto com traficantes. O menino, que era filho de piaiuenses, estava na linha de tiro.
Os policiais envolvidos não foram indiciados no inquérito encaminhado ao Ministério Público, já que as investigações apontaram legítima defesa.
“É um fato grave, que merece uma resposta. Nós fizemos várias investigações, nós fizemos uma reprodução simulada, pegamos vários depoimentos, trouxemos a técnica e chegamos a seguindo conclusão: os policiais militares agiram em legítima defesa e atingiram uma criança querendo atingir o traficante. Juridicamente isso é chamado de erro na execução. Se nós associamos as circunstâncias que envolvem o caso, com o que a lei nos permite dizer, nós estamos diante de uma legítima defesa com erro na execução. Qual a consequência disso? Os policiais militares respondem como se estivessem atingindo quem queria matá-los, ou seja, neste inquérito nós chegamos a conclusão que os policiais estão acobertados pela legítima defesa”, afirmou o delegado em entrevista coletiva.
Ainda de acordo com as investigações, não seria possível definir quais das armas dos policiais teria acertado a criança na cabeça. No dia do crime, seguiam três policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na frente, seguidos por agentes do Batalhão de Choque. Os PMs da UPP seguiam na frente porque conheciam melhor a área. De acordo com a perícia, dois policiais da UPP atiraram ao mesmo tempo em direção aos criminosos que teriam atirado primeiro.
A mãe de Eduardo, a doméstica Terezinha de Jesus Ferreira, sempre afirmou que um policial efetuou o disparo e ainda ameaçou matá-la. Na versão dela, os policiais confundiram o celular que o menino segurava com uma arma.
O menino foi enterrado em Corrente, a 934 km ao sul de Teresina, terra natal da família. Desde então, a mãe do garoto passou a morar novamente no Piauí.