Ayrton Senna: há 30 anos, o Brasil chorava a morte de um dos seus maiores ídolos

Primeiro de maio de 1994. Fábio Marckezini, então com 9 anos, estava de frente à TV, como costumava ocorrer nas manhãs de domingo na casa da família em São Paulo. “Assisti a tudo ao vivo. Bem naquela época, um ano antes, comecei a entender o que era a morte e aquilo foi um impacto muito forte na minha vida. O cara era um herói nacional, ídolo brasileiro, com 34 anos. Morrer ali, ao vivo, na sua sala de estar, é um negócio pesadíssimo”, rememora o jornalista e pesquisador.

No mesmo dia, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, Danilo Iakimoff, à época com 14 anos, cumpria ritual semelhante.

“Logo após o acidente, quando ele ainda estava no carro, a imagem dele mexendo a cabeça foi uma grande esperança. Pensei que ficaria bem, mas, infelizmente, mais tarde veio a trágica notícia de sua morte. Naquele momento, saí para o quintal de casa, isolei-me num canto e comecei a chorar. Era inacreditável o que havia acontecido”, recorda-se o empresário.

Em Belo Horizonte, o jornalista Antônio Melane já tinha 24 anos de profissão, dez deles dedicados às coberturas da Fórmula 1 in loco. Naquele dia, porém, o trabalho seria feito da redação do jornal Estado de Minas, na capital mineira, por meio da transmissão da Rede Globo.

“Houve sentimento de tristeza, por ser um brasileiro, mas outros pilotos já haviam morrido em provas (na véspera da morte de Senna, o austríaco Roland Ratzenberger, de 34 anos, também sofreu acidente fatal durante os treinos). No mesmo dia, embarquei para São Paulo e fui cobrir o velório e o enterro”, conta o aposentado, que reside há dois em Aracaju, capital de Sergipe.

Embora não se conheçam e estivessem em pontos distintos do país, há 30 anos, os pensamentos de Marckezini, Iakimoff e Melane convergiram para Ímola, na Itália. No local, uma tragédia vitimou Ayrton Senna da Silva, piloto brasileiro de 34 anos, que faleceu após se acidentar na sétima volta do GP de San Marino.

Ao colidir o carro da equipe Williams numa mureta de concreto na curva Tamburello, chegava ao fim a trajetória do tricampeão mundial (1988, 1990 e 1991), considerado por muitos o principal ídolo brasileiro. Condição que persiste até os dias atuais, mesmo transcorridas três décadas da sua morte.

Meio milhão de pessoas nas ruas de São Paulo

Quatro dias após o acidente, Senna foi sepultado em São Paulo. Naquele 5 de maio de 1994, cerca de 500 mil pessoas foram às ruas da capital paulista prestar a derradeira homenagem ao piloto.

“Cem horas de sofrimento do povo brasileiro, iniciadas na manhã de domingo, com um estúpido acidente em Ímola, tiveram seu momento culminante ontem, às 12h30, quando o maior piloto de corridas de todos os tempos foi enterrado no cemitério do Morumbi, em São Paulo”, descreveu a manchete do jornal O Globo no dia seguinte à cerimônia fúnebre.

Após cortejo de 17 quilômetros iniciado na Assembleia Legislativa de São Paulo, o corpo foi enterrado no cemitério do Morumbi. “Ali eu comecei a entender o quanto ele era querido pelo povo. Algo impressionante. Uma comoção geral. Naquele tempo, o ídolo nacional era Pelé, e o Ayrton ‘ameaçou’ o Rei nessa questão”, conta Melane.

A trajetória de Senna já foi recontada à exaustão, por meio de livros, documentários, filmes e afins. O ex-piloto trilhou o caminho daqueles que escolhem o circo do automobilismo como vida. Do início no kart, em 1973, à Fórmula 1, onde estreou em 1984, o brasileiro alcançou o topo da carreira. Além do tricampeonato mundial, empilhou 41 vitórias, 80 pódios e 65 pole positions, em 161 provas na principal categoria da modalidade.

O ex-piloto francês e maior rival nas pistas de Ayrton Senna Alain Prost publicou uma homenagem ao tricampeão mundial que morreu há exatos 30 anos, no dia 1º de maio de 1994. Em sua conta no Instagram, Prost publicou uma foto ao lado do ex-colega de McLaren.

“Teria sido bom rir novamente juntos”, diz a legenda.

Os 30 anos sem Ayrton Senna é tema do podcast “O Assunto” desta quarta-feira. Nele, Natuza Nery conversa com Galvão Bueno, que relembra a trajetória gloriosa do piloto brasileiro: três títulos mundiais, dezenas de provas vencidas e uma legião de admiradores por onde passou.

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